Um programa BIP Erasmus+ é um evento intensivo, de uma semana, onde alunos de várias universidades se juntam para trabalhar sobre um determinado tema.
Na semana de 6 a 10 de Outubro, à semelhança do que me aconteceu em julho passado, participei num destes programas como tutora, isto é, acompanhando um grupo de alunos, orientando-os ao longo de toda a semana, quer na qualidade do seu trabalho, quer nos bastidores, tentando garantir que tinham tudo o que precisavam, e que recebiam todas as informações necessárias.
Uma boa parte do tema deste BIP, pensado e organizado pelos meus colegas de doutoramento do ISCTE Inês Nascimento e Henrique Andrade, sob orientação da professora Alexandra Paio, cruza-se com a minha própria investigação, principalmente: a imaginação.
Durante esta semana, o objetivo foi repensar o ensino (nomeadamente da Arquitetura) e o Campus Universitário (portanto, o espaço desse ensino) para o Futuro. Os participantes/alunos deveriam exercitar um olhar crítico sobre o ensino atual e criar, à luz das complexidades e dos desafios planetários que vivemos (e que vivem no seu dia-a-dia), pistas para o ensino de 2050, através de exercícios que iam explorando a sua criatividade e espicaçando a sua imaginação.
Estes exercícios sucediam-se uns aos outros, deixando nos participantes a sensação de que tudo tem de acontecer demasiado rápido, não havendo tempo para pensar (e de que tudo seria muito mais bem feito, se se tivesse mais tempo). Pessoalmente, também sinto essa ansiedade ao longo da semana: parece que todas as possibilidades nos fogem das mãos e nada dá para digerir - e que os resultados acabam mais superficiais do que alguma vez se desejaria. Mas -confesso- estou a passar a olhar para estes eventos de outra forma e acho que escondem (ou, para mim, escondiam) um outro potencial, talvez até mais importante do que atingir algo coerente e profundo: é o potencial de semear motores de mudança/de transformação; de abrir horizontes; de fazer e experimentar de outra forma; de libertar as mãos e desbloquear zonas do cérebro. E nem é preciso que isto aconteça instantaneamente, durante a semana: é bem provável que os rebentos só saiam passado algum tempo; um dia destes, de volta ao dia-a-dia de cada um/a.
É uma semana rica em pistas e direções a explorar. Apetece parar para digerir tantas referências e ideias, lançadas para cima da mesa e logo retiradas, nem sequer acabando por aparecer nos trabalhos finais; conversas que acabaram de repente porque um novo exercício foi lançado.
Espero que todos nós, organizadores, participantes, tutores,... voltemos a alguma das ideias desta maravilhosa explosão nalgum momento das nossas vidas. E, ainda que não, só o facto de se ver coisas bonitas a acontecer quando se trabalha coletivamente com pessoas acabadas de conhecer, é um grande espoletador de energia.
O processo já ganhou.

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